domingo, 26 de agosto de 2007

Noite


Não entendi o por que do gosto amargo na boca aquela manhã e muito menos a dor de cabeça tudo me parecia cigarro dormido e pileque mal curado.
No entanto não me lembrava de ter saído- na verdade tinha certeza, não sai!- afinal no últimos 3 meses foi a única manhã que eu acordei no meu quarto e de pijama, mas de fato alguma coisa acontecia o gosto de cigarro me incomodava muito o pileque parecia ter se curado, resolvi fazer café a tempos estava com vontade de uma pão com ovo, juntei-a com a disposição que tinha nessa manhã, mais que merda de gosto era esse, as vezes me sentia com ressaca por alguns instantes, cheguei até achar engraçado mas relevei talvez fosse força do habito, parece pão adormecido não combina tanto com ovo, porém ir a padaria seria muita disposição pra uma só manhã e a grana era curta, estava guardando pra viajar pela minhas contas dava pra chegar até o norte da argentina, decidi parar de beber na noite anterior mais esse gosto me irritava, lembrei que tinha até pensado que difícil era o evitar o primeiro "oi" ou seria o primeiro gole? depende do contexto esses dois até se misturavam.
Resolvi tirar 1 real da viajem afinal não precisaria de um halls na argentina mais aqui sim esse gosto filho da puta me deixava puto, liguei a tv por triste discrepância do destino na cultura passava algo sobre os vinhos do norte da argentina, me arrependi da bala, porem continuei a pensar no por que do gosto e dos pileques repentinos, a casa estava em ordem a roupa dobrada na cadeira e minha carteira com algum trocado tiram da minha cabeça qualquer sinal de festa porém fui interrompido por um pássaro na janela que lembro meu irmão e depois uma ex namorada que sempre seria namorada mesmo como disse difícil era evitar o primeiro "oi".
Porra que gosto era esse? me lembrava muita a noite, já me preocupava, nem uns dedilhados me afastarão o gosto ou o pensamento. Essa noite ia me deitar cedo afinal era foda evitar o primeiro gole também.
No outro dia o gosto era mais amargo o pileque maior, afinal a noite tinha vindo até mim.
P.S: com a boca amarga

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Pijama Rosa


Não prestava mais atenção nas coisas dessa terra, seu corpo ia se esfriando pouco a pouco junto com seu coração no máximo sentia o carinho distante de uma mãe que chorava, porém menina não sabia porque mamãe chorava, Bia só pensava em pijamas rosa e quentes afinal sentia frio.

O choro da mãe expunha um adeus reprimido ou então a dor que a filha já nem sentia mais , as lágrimas caiam uma a uma com um quê de esperança.

-Mãe por que você chora tanto assim?

-Não sei meu amor

- Esse pijama é tão bonito mamãe, posso ir me deitar agora?

- pode ir sim meu bem, te amo tá?

- eu também mamãe


Essas falas calaram por alguns instantes a dor e por fim um coração que batia ali deitado, o fim ali me parecia belo e incerto, de fato a coisa que ela mais gostava em todo mundo era pijamas rosa. Pensando assim aquele carro já nem era mais tão cruel, o sofrimento talvez vão, afinal Bia agora usava pijama rosa.

Ps:A morte parece menos terrível quando se está de pijamas rosa!

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

O matador de Galinhas



Já não se sujava mais -tinha calos e rugas nas mãos- porém fazia tamanha tarefa com mestria e antes de executa-la acariciava a vítima, de forma a transmitir calma, talvez. E nesse mesmo instante tirava cuidadosamente pequenas e castanhas penas do pescoço da amiga.




Com olhos bem atentos e uma velha faca, tirava toda calma que ali havia depositado, foi por um pequeno corte -na parte sem pena do pescoço- que deixava o sangue escorrer em um prato pois da "bixa" só não aproveitaria as penas e os ossos, e mais uma vez ao mesmo tempo que fazia sangrar, segurava forte a amiga como quem diz: - eu estou aqui.




Esse ritual se repetia a cada domingo em família, perder amigos estava na rotina daquele homem, Osmar que o tempo chamara de mazinho e dera rugas sentava-se a mesa e por fome ou amizade era o que mais comia, era o que tirava mais proveito do vinculo criado com o animal, não, não tinha remorso e talvez nem fome, isso era uma forma de levar os amigos sempre com ele.



Matava a fome, galinhas, amigos.